Portus Luna

Aron leva sua mão até o ombro de Mio, dizendo, em um tom mais calmo.

— Certo, senhorita Mio. Todos precisamos de um tempo sozinhos de vez em quando, mas, tente se animar, okay? Tenho certeza que tudo dará certo.

Então, o Lightsworn começa a se afastar, caminhando na direção da porta do quarto. Quando estava quase saindo do cômodo, ele fala.

— Eu não sei o que você acha de mim, senhorita Mio, mas já lhe considero uma amiga. Caso precise de qualquer coisa, precise de um apoio, de alguém para ouvir seus problemas, pode contar comigo. Eu não hesitarei em lhe ajudar.

Então, o garoto segue seu caminho, fechando a porta do quarto lentamente assim que sai do quarto. Após isso, ele apoia as costas na parede ao lado da porta, decidido em esperar Mio terminar o que tinha de fazer.

Elisa simplesmente permanecia em silêncio ao ouvir as condolências do grupo, ela simplesmente fica "calada", sem pronunciar nada, apenas adentrando no interior da casa, em direção ao seu quarto.

Após todos entrarem na residência dos Vardembris, Aliot também adentra no local, junto com os demais.

Aliot (pensa): parece que o pesar ainda paira sobre nós... pelo visto, não há mais paz... diz, soltando um largo suspiro, indo para a sala de estar da residência

A mulher de cabelos esverdeados pega os 100 talentos e guarda-os numa das gavetas da bancada, trancando-a com uma chave.

Sira: ao meu ver, tudo ocorreu bem durante a entrega, certo? diz, se debruçando sobre a bancada, fitando o mago espero que tenha se dado bem com os Astampur... fala, dando de ombros as pessoas vivem falando que os elozianos são orgulhosos e esnobes, mas, por experiência própria, eu digo que eles são um dos povos mais acolhedores e generosos que eu já conheci. diz, desencostando-se da bancada

Sira cruza os braços, mantendo uma postura séria e respeitosa. A maga vai até uma das suas prateleiras, e com uma pequena flanela, a mulher começa a esfregar um dos artefatos à exposição nas estantes.

Sira: pois bem Indrick... imagino que tenhamos acabado por aqui, certo? diz, soltando um suspiro acho que agora, podes ir para Pierongarde... diz, enquanto continuava a limpar os objetos

Yun suspira, ainda lá embaixo com os outros colegas que haviam ficado na casa. Ela arqueia uma sobrancelha para tudo que estava acontecendo, cruzando os braços.

Yun - Como será que eles estão?

Decidindo que seria uma boa verificar, a menina-lobo pede licença baixinho, mesmo que Elisa já não estivesse mais ali, e começa a seguir o caminho que Aron e Mio haviam tomado antes. Usando o seu faro, ela chegou na porta onde o Lightsworn estava, se aproximando dele.

Yun - Aron, como você está?

Mio percebe que Aron já saiu do quarto e cai de joelhos ao chão, apertando seus punhos enquanto fala para si mesma, em um tom baixo.

Mio - Droga... DROGA! Porque.. essas malditas lembranças não param de vir em minha cabeça?! Porque... justamente agora, essas atrocidades resolvem me atormentar...?

Mio lamentava, chorando cada vez mais, ainda em silêncio. Seu corpo tremia mais e ela se encostava a parede, apoiando a cabeça na própria. Porque justamente nesse momento as piores memórias vinham a tona para Mio? Ela se perguntava isso, pois não sabia a resposta, e de algum jeito.. ela não queria saber. Então, Mio bateu no chão, rezando para que essa dor, ambas fisicamente e mentalmente, acabassem.

Yun esperava a resposta de Aron, mas enquanto o fazia, escutou os murmúrios no quarto ao lado. Ela virou-se para tentar escutar melhor, mexendo suas orelhas.
Então, a menina fitou o Lightsworn, preocupada.

Yun - Eu vou ver o que está acontecendo... é melhor você descansar, o que passou foi forte demais.

Disse, dando três tapinhas no ombro do seu amigo. Assim, entrou no quarto, fechando com cuidado a porta atrás de si. Sem fazer barulho algum, Yun observou Mio no chão, sem entender o que estava acontecendo.

Mio continua chorando no chão, falando tudo o que precisava deixar para fora.

Mio - Se não fosse eu... se não fosse a minha ignorância, ninguém teria morrido.. porque eu fui tão... CEGA?! Eu apenas... deixei meus sentimentos tomarem conta do que eu realmente era, uma guerreira... hah.. agora estou aqui, lamentando o passado, uma pessoa fraca e covarde.. p..porque não consigo continuar em frente..?

Mio falava, com lágrimas escorrendo no seu rosto, sem parar. Logo, ela começava a dar mais e mais socos no chão, como se aquilo fosse aliviar a culpa que ela sentia. A ironia era que... ela havia feito um juramento, no qual ela seria forte, nunca iria chorar por razões tão... vergonhosas e ajudaria os outros no que acontecesse. E agora, aqui esta ela, chorando, completamente vulnerável a qualquer pessoa, como se estivesse pedindo ajuda.

Mio - Eu realmente.. sou uma vergonha... nem mereço ser chamada de guerreira, muito menos de uma pessoa forte. Sou apenas uma garotinha, que não evoluiu, e que continua a mesma chorona, fraca, covarde e idiota menina...

Ao falar isso, Mio começou a soluçar sem parar e agarrava sua cabeça, fazendo uma expressão dolorosa, como se aquilo estivesse martelando sua cabeça, sua mente, até a perda de sua sanidade... talvez fosse isso que estivesse acontecendo.

A menina-lobo observava aquela cena, surpresa, sem saber o que fazer. Não pensava que Mio estivesse sofrendo tanto assim. Nesse tempo em que estivera junto com a garota, jamais pensara que ela pudesse ter tantos problemas.
Apesar de não ter entendido muito bem o que acontecera em seu passado, sabia que não era nada fácil. Se fosse, Mio não estaria nesse estado.
Yun começou a caminhar para frente em silêncio, pensando que devia fazer alguma coisa. Ela parou em frente à sua amiga, ajoelhando-se para ficar na mesma altura, e segurou as mãos de Mio que estavam em sua cabeça, puxando para baixo gentilmente.

Yun - Mio...? Você está bem? - a menina limpou as lágrimas do rosto de sua amiga, ainda segurando a mão de Mio com a sua outra - Mio, não chore...

Mio sente mãos encostarem nas suas, e arregala seus olhos vermelhos e inchados, levantando eles, claro sinal de que estava chorando muito anteriormente, mas as lágrimas ainda não estavam querendo parar, estavam sendo teimosas e continuavam a escorregar pelo rosto de Mio. Então, a go'hakiana abaixa a cabeça, cerra os dentes e fecha os olhos, apertando fortemente as mãos de Yun, involuntariamente apoiando a cabeça nas mãos da garota. Olhando para baixo, com os dentes cerrados e olhos fechados, Mio fala.

Mio - Y..Yun..? Me desculpe.. você não deveria ter visto esse meu lado, mas não pude me controlar... eu acho que você está se perguntando.. o que aconteceu comigo, para me deixar nesse estado, certo?

Então, Mio levanta a cabeça, olhando para a garota. Sim, ela sentia que tinha que falar para Yun toda a verdade, antes que fosse tarde. Respirando fundo, Mio começa a falar de seu passado, num tom baixo, de modo que apenas a menina ouvisse.

Mio - Eu.. sinto que não devo mais esconder isso de vocês, porque se eu o fizer, talvez seja tarde demais... voltando no tempo.. eu tinha uma amiga, minha melhor amiga.. eu a considerava uma irmã de coração, ela sempre me ajudava nos momentos ruins e bons, me fazia sorrir e rir, mesmo na rigorosidade do treinamento na academia... eu gostava muito dela. Mas, um dia.. alguns veteranos da academia, incluindo eu, foram convidados para fazer uma missão de risco, todos estavam lidando com um chefe do tráfico, de pessoas E de drogas... tudo estava indo bem, até porque todos eram qualificados... mas de repente, tudo mudou... Mio então começa a chorar mais, fechando seus olhos fortemente- homens chegaram, traficantes e mercenários... eles começaram a matar todos, de uma forma... HORRENDA e CRUEL.. e me deixaram viva, no meio de tudo aquilo.. e foi lá que eu me dei conta.. de que minha amiga tinha me traído, pois ela era a única FORA os veteranos que sabiam da missão.. eu deixei meus sentimentos entrarem no caminho.. tudo foi minha.. eu me sinto tão.. humilhada e envergonhada... eu fui a única que.. Yun...

Mio olha para baixo, mordendo sua boca, envergonhada. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, seu rosto estava vermelho e seu corpo tremia. Ela não queria mostrar esse lado dela para ninguém, mas era inevitável. As lágrimas não paravam, ela tentava ser forte, mas simplesmente não conseguia.

Aliot ao ficar naquela sala, torna a se sentar numa das cadeiras que estavam por ali.

O meio-eloziano ao sentar-se numa das cadeiras, põe seus cotovelos sobre suas coxas, e apóia seu rosto com as mãos...

Inúmeras memórias começavam a vir, batendo na cabeça do meio-eloziano como uma enxurrada. Desde os momentos que passou com sua família durante a infância e adolescência... os momentos em que viveu em Capitólio, os momentos que passou com seus amigos no Refúgio, as noites que passou ao lado de Eleonor... toda aquela vida que ele julgava difícil parecia tão simples agora. Tudo parecia... feliz.

Agora, nada além de dor, sangue e a incerteza perpetua no coração do eloziano... alguns meses já tinham se passado desde os eventos que "marcaram" a jornada (em Montalbino) e durante todo esse tempo, tudo o que ele julgava simples e fácil parecia desaparecer diante dos olhos do mago...

Finalmente, a vida real tinha dado às caras.

Aliot: por que isso tem que acontecer...? diz, pondo as mãos na sua cara, fechando os olhos por que...?

Aliot solta um largo suspiro de lamento... aquelas frases que o mago pronunciara ecoaram na sua própria mente... tanta angústia corria a alma do meio-eloziano que a paz já parecia uma mera ilusão.

É então que o mago puxa de dentro de sua camisa um pequeno colar. O colar estava ocultado aquele tempo todo, ficando escondido sob as vestes do meio-eloziano.

O cordão do colar era feito de um metal fosco: uma corrente fica e aparentemente frágil.
Na ponta do colar havia um símbolo: uma pequena espada com duas asas nas proximidades do cabo.

Aliot leva o colar até a sua boca, e mantendo o punho da espada do colar próximo aos seus lábios, o mago começa a proferir:

Aliot (em murmúrio): sei que raramente falo convosco... sei que eu não mereço a vossa graça... se tudo isto está acontecendo comigo como um castigo, eu entendo e aceito... mas, ouvi meu clamor, pois aqueles que eu amo estão sofrendo... os únicos que eu posso chamar de amigos estão perdendo suas esperanças, e o medo apenas

Aliot fecha os olhos, e começa a dizer, num cântico

Aliot: escutai o meu chamado.
pois estas são as únicas palavras que eu sei proferir.
eu clamo para que vós estejais ao meu lado
pois sois os únicos em que eu ouso ouvir

O meio-eloziano apertar a espada do colar com força, e derramando lágrimas entre seus olhos cerrados, ele diz:

Aliot: Escutai o meu chamado, Asra.
Se castiga-me por meus pecados
Poupa meus amigos, deixa-os viver
Eu, que carrego tua espada, clamo por ti
Eu já não aguento tantos fardos sobre mim
Eu já não suporto tanta dor do que veio e do que está por vir
Mas dai força aos que eu mais prezo...
E dai força a mim, para que ao lado deles haverei de existir...


Aliot solta um suspiro, e cerra sua oração, colocando de volta sob sua camisa o colar.

Ainda que não soubesse as orações da religião de sua raça (ou, pelo menos, de parte de sua raça, já que o mesmo também dividia em suas veias sangue ocidental), aquelas eram as únicas palavras sagradas que o mago sabia pronunciar, e as únicas as quais ele podia se contentar para tentar alcançar alguma paz...

Mesmo que Mio tivesse explicado toda a situação, Yun ainda não entendia exatamente o que havia acontecido. Ela só sabia que aquilo machucava muito sua amiga, e que vê-la naquele estado doía muito. 
Yun soltou suas mãos das dela, mas apenas para se aproximar mais e apertá-la em um abraço, deixando a cabeça de Mio apoiada em seu ombro. A menina-lobo sabia que abraços eram confortantes, e que nesse momento, sua amiga precisava de conforto. 

Yun - Mio, eu não entendi... mas sei que a culpa não foi sua... você não tinha como saber, não tinha o quê fazer. - Yun suspirou - Tenho certeza que seus amigos não gostariam que você sofresse assim por causa do seu passado... por causa de algo que você não podia nem evitar... 

A menina continuou abraçada em sua amiga, tentando reconfortá-la. Sabia que apenas isso não iria funcionar, mas ela devia tentar. 

Yun - Às vezes as coisas acontecem... e não podemos fazer nada para evitá-las... mesmo que queiramos mudar tudo, não podemos. O tempo jamais vai voltar, não poderemos consertar tudo que fizemos de errado - disse, se lembrando do seu passado - mas o que nós podemos é seguir em frente, construir um futuro digno o bastante para nos fazer superar nossas dores... minha mãe disse que devemos sempre seguir em frente, e nunca permanecer parados... nos torturando com o passado.

Aron suspira baixinho quando Yun passa por ele. Mio tinha sido bem clara quando pediu para ser deixada só, e esse era um tipo de desejo que o garoto não constumava descumprir. As vezes, a solidão é o melhor remédio para acalmar as pessoas, um tempo sozinho, para pensar no que estava acontecendo. Mas não tem jeito, Yun passaria do mesmo jeito, mesmo se Aron tivesse proibido, a garota lobo não deixaria um amigo triste.

— (Acho que agora eu devia ir tomar um banho. Se eu entrar, a senhorita Mio só vai ficar mais irritada. Ela precisa de um tempo para se acalmar, e talvez a Yun termine ajudando ela.)

Ele começa a caminhar, indo até um dos banheiros da casa, porém, parando no caminho para pegar algumas roupas que estavam lá, para o uso dos servos dos Vardembris. Pegando aquele tipo de roupa, Aron se lembrou dos seus senhores, e, com aquelas lembranças, outra veio, algo que ele estava quase se esquecendo no tempos que havia passado junto com o grupo de aventureiros.

— (É mesmo, tenho que voltar. O meu tempo está quase acabando, provavelmente "ela" vai vir me buscar assim que o dia chegar. Foi bom ficar com esse grupo por um tempo, mas, como sempre, o tempo de aventuras deve terminar. Depois terei que me despedir deles.)

Pensando naquilo, Aron entra no banheiro, com as roupas em mão e pronto para tomar banho.

A mulher pegas os talentos de Indrick e guarda-os em uma gaveta. Logo em seguida, ela retira um ticket de papel, entregando-o para o homem

Mulher: aqui está, senhor. O trem vai partir em alguns segundos. Melhor você entrar logo!

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Enil's Restaurant

Weber olha para Keela, indagando-a

Weber: então, você vai?

A go'hakiana assente com a cabeça, levantando-se, tornando a ficar ao lado de Kulodra

Keela: e você? Vai ficar aí mesmo?

Weber assente com a cabeça, aconchegando-se na cadeira do restaurante

Weber: eu não tenho muito para fazer... diz, pondo a mão na cabeça sem falar que eu preciso relaxar um pouco... aquelas lembranças do tricentenário ainda estão martelando na minha cabeça

Keela assente com a cabeça, soltando um suspiro ao ouvir as palavras do mago

Indrick então pega o ticket e apressa-se para ir até a estação de trem e se juntar aos outros passageiros que iriam para Pierongarde.

Ao chegar lá, ele procura saber onde deveria ir para subir no trem já que nunca havia viajado dessa maneira...

Ele avista um grupo de pessoas perto do trem e ele pergunta para confirmar se esse era o trem que deveria pegar...

Indrick: Er... com licença, este por acaso é o trem que vai para Pierongarde?

Um das pessoas assente com a cabeça, falando para o homem

Homem: sim, este trem vai para Pierongarde, é melhor você entrar logo... ele vai partir daqui a pouco fala, adentrando num dos vagões do trem, assim como os demais passageiros.

Assim, o trem sai de Portus Luna, indo a todo vapor para a Cidade de Pierongarde.

Após alguns minutos solitário em "seu" quarto, Damian finalmente termina de consertar sua canhoneira.
Damian: Finalmente... agora posso retomar minha busca.
- e vai em direção a porta.

No instante em que sai, busca algum tipo de biblioteca ou estante com livros antigos. "Uma casa de família importante sempre tem livros históricos... preciso ver se encontro aquele símbolo ou alguma pista..." pensou.

Yun deu um leve sorriso, se afastando um pouco mas ainda ficando próxima de sua amiga. Ela colocou suas mãos nos ombros de Mio, olhando bem para os olhos dela, sem desviar o olhar por um segundo sequer.

Yun - Eu sei que é difícil quando você se sente culpada... mas Mio, siga em frente. Não digo para esquecer do seu passado... não, aprenda com ele... e siga em frente. - a menina aproximou-se para dar um beijo de leve na testa de sua amiga - E não se esqueça, somos seus amigos e estamos aqui pra te ajudar a levantar. 

Com isso, Yun levantou-se e estendeu a mão para Mio, com um largo sorriso no rosto. Ela tentava de todas as maneiras animar sua amiga, e desejava que ela conseguisse seguir em frente com tantas lembranças ruins que devia ter.

Yun - Vai levantar?

Disse, com um tom de certa forma desafiante, mas apenas para criar mais força de vontade em Mio. A menina ainda tinha o sorriso no rosto, e não desviava o olhar nunca, sempre tentando ver além dos olhos de sua amiga. Tentando entender o que se passava dentro de sua mente, o que estava sentindo.

Mio fecha os olhos novamente quando sente Yun a soltar, mas acaba abrindo-os rapidamente quando vê que a garota havia a abraçado. Mio fica surpresa por um momento, com os olhos de alguma forma tremendo, abrindo e fechando a boca, como se quisesse falar algo. A go'hakiana então suspira de uma forma pesada e abraça Yun, "afundando" sua cabeça no ombro da menina, enquanto respira fundo e deixa mais algumas lágrimas teimosas escorrerem por seu rosto vermelho e inchado. Inspirando, Mio começa a responder a garota.

Mio - Yun... não é fácil de entender, não mesmo... nem eu entendo direito. E.. de alguma forma, eu sei que a culpa não é minha, mas... minha mente e coração não param de me dar culpa. Eu sei que eles não gostariam de me ver nesse estado, mas.. foi tão difícil ver eles daquele jeito... E eu podia evitar! Se pelo menos eu tivesse mantido minha boca calada...

Mio então abraça Yun de uma maneira mais forte, agarrando as costas da garota, como se sua vida dependesse disso. Mio sabia que ela não era totalmente culpada, mas esse mínimo ainda a praguejava por todas as noites, minutos e horas, e sua sanidade era mantida por um relógio que batia ainda mais rápido com todo esse tempo, e Mio sabia... a insanidade iria tomar controle se as coisas continuassem desse jeito, era inevitável. E ela tinha de estar preparada para isso. Mio então ouve atentamente ao que Yun fala, balançando a cabeça e mais uma vez respondendo.

Mio - Eu.. eu sei.. e infelizmente, é impossível de ser modificado, de fato.. se pelo menos eu nunca tivesse conhecido... ela. -Mio murmura, cerrando os dentes- eu quero seguir em frente, eu sei que posso... mas as coisas estão tão difíceis, algumas vezes eu só quero desistir. Era inevitável... eu não conseguia parar de me torturar com essas memórias, e agora elas vem com força máxima, tentando esmagar o resto da sanidade que eu possuo... Eu... realmente devia parar de usar essa máscara.. de frieza e indiferença... não é, Yun?

Mio fala fechando os olhos, não queria fazer seus amigos se preocuparem. Mio vê Yun se afastar levemente, e começa a se afastar um pouco. Então Mio vê toda a sinceridade, força, preocupação e vontade, ambos nos olhos e ações de Yun. A Kurosawa escuta a garota, começando a corar fortemente por Yun ter dado um beijo em sua testa. Mio então fala.

Mio - Hah... eu tenho razões para seguir em frente, de cabeça erguida. Vou seguir em frente, e eu sei que vocês vão me ajudar.

Mio vê Yun se levantar, oferecendo-a uma mão para se levantar, ao mesmo tempo usando um tom levemente desafiante na voz. A go'hakiana então pega a mão de Yun e levanta, arrumando suas roupas. Mio olha para a pequena menina, sem nunca desviar os olhos. Sorrindo de uma maneira feliz e aliviada, Mio fala para Yun.

Mio - Yun.. muito obrigada! Você fez alguns dos meus medos e culpas desaparecem do meu coração. Sou muito grata a você por isso. Então.. se você precisar de qualquer ajuda no futuro, por favor, conte comigo.

A go'hakiana dá um passo a frente e coloca os braços em volta dos ombros da pequenina-não-tão-pequena. Mio olha mais uma vez os olhos de Yun e abraça a garota fortemente, como se estivesse querendo expressar a gratidão e felicidade que nesse momento ela possuía. E realmente, era isso que ela queria demonstrar. Nunca em sua pequena vida ela tinha se sentido tão... aliviada, sem pesos na consciência, totalmente... livre. Mio então afasta-se do abraço, imitando a ação que Yun tinha feito antes, dando um beijo na testa da garota, com os olhos fechados. A go'hakiana fala.

Mio - Obrigada por tudo, Yun. Sou realmente grata a todos vocês... acho que não podia existir melhores amigos do que os que tenho nesse momento, então... -Mio solta uma risada, acompanhada de um sorriso gigante- eu quero protegê-los, de alguma forma. Sei que não sou tão experiente, mas darei o meu melhor.