Portus Luna

Yun se animou ao ver Mio se levantando e principalmente, sorrindo de leve. Ela conseguia perceber o quanto a menina estava mais calma, depois de tudo, e aquilo deu uma satisfação para ela. Afinal, o que poderia ser melhor do que ajudar um amigo?

Yun - Não se preocupe Mio, estou aqui pra isso! E pode deixar... eu vou... 

A garota-lobo não terminou sua frase, visto que Mio se aproximou para dar um leve beijo em sua testa, da mesma maneira que havia feito antes com ela. Porém, de alguma forma, Yun sentiu-se diferente. Era como se tudo estivesse certo, em seu lugar.
A menina olhou para sua amiga, com as bochechas um pouco mais avermelhadas que o normal, e ao ver o seu sorriso, não conseguiu aguentar, dando uma risada de leve logo após Mio.

Yun - Vamos... hm... proteger uns aos outros... né?

Por fim, ela se afastou, dessa vez desviando o olhar para o chão. Yun respirou fundo e abriu um leve sorriso, coçando a cabeça. Sua cauda estava agitada, de um lado para o outro, enquanto as orelhas estavam abaixadas, dando a ela uma aparência mais infantil.
Lembrou-se, então, do que havia prometido ao Aron e começou a caminhar, devagar.

Yun - Ah, eu tenho que ajudar o Aron, tinha prometido... tehehe... nos vemos depois!

Com isso, saiu do quarto de forma apressada, fechando a porta e recostando-se sobre ela logo após tê-la fechado. A menina olhou para baixo, levando uma mão até o peito e respirando profundamente. Após algum tempo, balançou a cabeça e começou a caminhar em busca de Aron, usando seu faro avançado. Tinha prometido que ia ajudá-lo com os ferimentos, para deixá-lo feliz, e ela não era o tipo de pessoa que não cumpria suas promessas.

Mio continuava sorrindo durante todo o tempo, e se surpreendeu ao ver que Yun olhava para ela, corando levemente. Mio olha para a garota, com os olhos divertidos, tentando decifrar o que passava na cabeça da pequenina. De fato, havia alguma coisa diferente... mas Mio não sabia o que, exatamente. A Kurosawa observa o quanto Yun era fofa, e sua vontade era de falar agora o seu pensamento, mas ela devia se conter. Então Mio ouve a risada de Yun e coça a cabeça, um tanto feliz, falando.

Mio - Sim. Definitivamente, eu vou dar a minha vida para proteger você..s.

Mio então se dá conta do que estava falando e leva a sua mão a testa, mentalmente. O que ela estava dizendo? Ela iria falar alguma besteira, e isso só iria gerar confusões. Então, Mio arqueia uma sobrancelha em direção a Yun, que estava falando que devia.. ajudar Aron, de alguma forma. A go'hakiana naquele momento tinha sentido alguma coisa, mas não sabia descrever. Mio fica ainda mais confusa quando Yun sai rapidamente do quarto, quase como se quisesse sair dali o mais rápido possível... talvez fosse isso.

Mio - O.. que foi... aquilo?

Mio definitivamente estava com um ponto de interrogação esculpido em sua face. As atitudes e ações de Yun estão ficando estranhas, mas de qualquer modo, ainda são fofas... Mio pensava. Agarrando a área do seu coração, Mio vai para a porta, rezando para que Yun estivesse no corredor nesse momento. Por sorte, a menina estava lá, provavelmente procurando por Aron. Mio começa a se aproximar da garota, e quando chega perto o suficiente da pequena, coloca a mão no ombro da menina e diz.

Mio - Yun.. ehm.. depois do jogo que nós vamos fazer hoje a noite... você não quer... uhm.. olhar as estrelas comigo? Quero dizer.. eu nunca tive uma companhia para olhar elas, e eu gosto do silêncio da noite, e está tudo bem se você não quiser ir comigo, tudo mesmo..

Mio falava, ficando vermelha. O que deu na cabeça dela? Era estranho perguntar isso, muito. Ainda mais para Yun. Mas ela estava arriscando. Mio então retrata sua mão e coloca em suas costas, abrindo e fechando-as nervosamente.

Após alguns minutos, o Lightsworn sai do banheiro, completamente limpo. Com um sorriso descontraído no rosto, o garoto procura por roupas para vestir, e, por sorte, termina encontrando roupas de seu pai que cabiam perfeitamente. As roupas estava estranhamente limpas.

— (Entendo, a senhorita Elisa ainda continua cuidando das coisas de meu pai... como se ele ainda estivesse entre nós. Talvez eu tenha sido um pouco abrupto demais dando aquela notícia, ela era amiga do senhor Heracle, acho que fui muito apressado para me livrar logo daquele peso. Tenho que arranjar um modo de me desculpar mais tarde.)

Colocando calças, Aron rapidamente estende a camiseta de Daron na cama do quarto aonde havia encontrado as roupas. Então, o garoto pega bandagens, começando a preparar para cobrir novamente seus ferimentos do braço e da perna.

— Certo, isso vai sarar em pouco tempo, logo logo vou estar novo em folha. Bom... depois daqui, acho que vou conseguir as bebidas para o jogo da senhorita Mio. Ela pareceu meio triste, seria uma boa poder realizar pelo menos esse desejo dela, afinal, ela parece estar realmente afim de realizar o tal jogo...

Yun toma um susto ao perceber Mio perto de si daquela forma, dando um pulinho e soltando um gritinho. Após isso, ela começa a rir da sua própria ação, levando as mãos para trás do corpo e fazendo uma expressão feliz. A menina ainda não entendia o que havia acontecido antes, mas não devia ser nada de diferente, não é? 

Yun - Olhar as estrelas? Tudo bem! Na floresta, antigamente, eu gostava de olhá-las... mas é claro que as luzes da cidade me chamaram mais a atenção... bem, a minha mãe também me levava pra olhar as estrelas, ela gostava muito... tehehe! 


Yun sorriu para Mio, tentando ser o mais gentil possível. Ela tinha a impressão de que suas ações anteriores poderiam ter magoado sua amiga, e por isso queria mostrá-la que não era nada disso. 
Seu nariz, por fim, captou o cheiro de Aron em um quarto próximo, fazendo a menina começar a caminhar, mas não sem antes dar um aceno para a Kurosawa. 

Yun - Eu vou ajudar o Aron e logo mais nos encontramos Mio... tehehe... 


A menina-lobo começou a caminhar até o quarto do seu amigo, batendo na porta e enquanto o fazia, lançava um olhar até o outro lado do corredor, onde Mio estava, dando-lhe um sorriso doce.

Ao ouvir as batidas na porta, o Lightsworn se apressa, mal colocando as bandagens e jogando a camisa por cima. Em poucos segundos, ele já estava ao lado da porta, pronto para abri-la.

— Oh, Yun? O que aconteceu?

A menina percebe a porta sendo aberta, e ao escutar a voz de Aron, vira o rosto para fitá-lo. Ela abre um sorriso largo para ele, levando as mãos para trás do corpo e balançando a cauda devagar. 

Yun - Eu disse que ia te ajudar com os ferimentos, não é? Então... estou aqui pra ajudar! 


Disse, animada que poderia ajudar seu amigo assim como havia ajudado Mio.

Aron pensa por um tempo, sem entender direito a garota.

— Ah, mas não precisa se preocupar, eu consigo colocar as bandagens sozinho, já tenho um pouco de prática com isso. Mas se você quiser mesmo ajudar, não tem problema, pode entrar.

O garoto abre ainda mais a porta, convidando Yun para dentro do quarto.

Yun assente, entrando no quarto e sorrindo para a aparência agradável dele. Nisso, conseguiu sentir um cheiro bastante familiar vindo daquele local, e do próprio Lightsworn. Ela virou-se para o rapaz, já dentro do quarto. 

Yun - Esse cheiro... eu lembro dele... - percebendo que se tratava do pai de Aron, a menina pigarreia, já mudando o assunto para não deixar seu amigo triste outra vez - então, eu vou precisar ver os seus ferimentos. Talvez você não goste do que eu vou fazer, mas vai te ajudar, tenho certeza.

(vai ser estranho e nojento esse post... lol) 

A menina-lobo sorri para o seu amigo e se aproxima dele, colocando as mãos em seu ombro (obviamente, no esquerdo).

Yun - Ahn... por favor, tente relaxar... como eu disse, talvez você não goste do que eu vou fazer, mas vai te ajudar bastante... 

Assim Yun aproximou seu rosto do machucado de Aron, começando a lambê-lo (wat...) de leve. Ela lembrava-se das suas aventuras na floresta, e sempre quando se machucava, seus parentes faziam isso. Ajudava muito na hora da cicatrização. Mas lembrava-se também que sua mãe não gostava que ela fizesse isso, pois não era comum entre os humanos. Mesmo assim, ela sabia que poderia ajudar, e se isso deixasse seu amigo mais feliz, faria nem que todo o mundo a crucificasse por isso.

O rosto do mago cora violentamente assim que a garota começa a lamber seu ombro. Pego de surpresa, Aron não sabe como reagir em uma situação daquelas.

— Y-Yun!? O que você está fazendo?

Embora o Lightsworn quisesse afastar a garota do ferimento e acabar com aquela situação embaraçosa, um estranho relaxamento, seguido de um frescor, começa a se espalhar na região que Yun lambia. Com seu rosto ficando cada vez mais avermelhado, Aron permanecia imóvel, ainda espantado com a ação de sua amiga.

A menina continuou, mesmo escutando o que Aron havia dito. Ela sabia que nesse momento ele devia estar se sentindo desconfortável, mas o que Yun mais queria era ajudá-lo. E se pra isso, tivesse que ouvir qualquer coisa que fosse depois de terminar seu "trabalho", ela não se importaria. 
Ao finalizar o ferimento do ombro esquerdo, a garota se afastou, limpando a boca com a parte de fora do antebraço. 

Yun - Como está se sentindo? Ahn... meus parentes faziam isso comigo quando eu me machucava... e ajudava bastante. Acredite. - Ela deu um largo sorriso para o rapaz - Então, tem outro ferimento que precise de ajuda? 

Mesmo após o fim do tratamento de seu ombro, o garoto continua um pouco envergonhado, mas, no fundo, ele estava um pouco decepcionado por aquela sensação ter ido embora tão rápido. Desviando o olhar levemente e falando quase que em um sussurro, Aron fala.

— Eu também tenho um ferimento na parte de trás da minha perna, mas você não precisa mexer lá, se não quiser.

Na cabeça do garoto passavam vários pensamentos, porém, após ouvir a explicação de Yun, ele começava a entender melhor as intenções dela. No momento, a maior preocupação dele era sobre como recompensar a garota.

Yun assente, determinada. Ela procura qual das duas pernas que estava ferida, percebendo que era a direita. Assim, levanta a barra da calça até a coxa do rapaz, vendo o ferimento na parte da panturrilha. 
Sem gastar mais tempo, a menina levanta um pouco a perna de Aron e começa o seu trabalho, lambendo de leve o machucado dele. A menina esperava que realmente isso o ajudasse.

Aron continua desviando o olhar, ainda envergonhado.

— Y-Yun, eu não consigo pensar em um jeito de te agradecer por isso. O-obrigador por se preocupar comigo.

O Lightsworn realmente não sabia o que dizer, mas ele era muito grato pelos esforços de sua amiga.

Ao terminar de lamber o ferimento do rapaz, Yun levanta-se, limpando a boca outra vez com a parte da frente do antebraço. Ela sorri para ele, levando sua mão até a cabeça de Aron e bagunçando seu cabelo, da mesma forma que ele costumava fazer com ela. 

Yun - Não precisa agradecer, só tendo vocês, meus amigos, do meu lado, eu já fico feliz. Principalmente se eu puder ver seus sorrisos. 

A menina-lobo dá uma leve risada, levando as mãos para a cintura, enquanto balançava a cauda de forma animada, e levantava as orelhas, atenta ao ambiente em que estava.

As palavras de Yun deixavam Aron ainda mais embaraçado, porém, também o deixavam feliz. O garoto não era acostumado a ter nenhuma relação na qual ele recebesse muito em troca de quase nada. Se levantando subitamente, o Lightsworn abraça sua amiga, dizendo.

— Não, eu tenho que agradecer. Agradecer por ter amigos tão bons quanto você, Yun. Você é provavelmente uma das melhores pessoas que eu conheço, obrigado por ser minha amiga.

Apertando ainda mais o abraço, Aron sussurra no ouvido de Yun.

— Eu ainda arranjarei um jeito de pagar por esse favor, Yun, é só esperar um pouco.

Yun sorri, se apertando mais no abraço de Aron. Ela estava feliz vendo o rapaz satisfeito, vendo que ela podia mesmo fazer os outros felizes. 
Assim, fechou os olhos, abraçada ao Lightsworn, e escutou o que ele dizia, sentindo-se profundamente feliz. Então isso significava ter um melhor amigo? 
Enquanto pensava, sua mente se encheu de imagens de uma pessoa que há muito ela conhecia e que já não estava mais viva nesse mundo. O pai do rapaz que estava à frente dela. O pai do rapaz que a abraçava tão gentil e calorosamente. 
Yun sentiu seu coração se apertar com isso, e sem querer, se afastou de forma brusca de Aron, caíndo sentada em frente à ele. Uma expressão de confusão, medo e tristeza se espalhou pelo seu rosto. 

Yun - "O que... eu estou pensando? Não! Esse é o Aron, eu não posso... é ruim... é ruim fazer isso com ele... eu..." 

Ela continuou caída, os pensamentos rápidos invadindo sua cabeça. Yun não gostava de ferir seus amigos, mesmo que o pensamento só estivesse em sua mente. Mesmo que eles não soubessem o que ela estava pensando. A menina sabia que estar com uma pessoa e pensar em outra era ruim, principalmente quando se tratavam de parentes. 

Yun - M-me desculpe... me desculpe Aron... 

Aron fica preocupado com a queda súbita da garota e rapidamente ajuda Yun a ficar de pé novamente. Com uma expressão de preocupação no rosto, o garoto pergunta se estava tudo bem com sua amiga.

— O que aconteceu, Yun? Você escorregou? Está machucada em algum lugar?

Ela balança a cabeça, levantando-se com a ajuda de Aron. A garota abaixa o rosto, triste com o que havia acontecido. Agora que conseguira deixar seu amigo feliz, pensou nisso, para estragar o momento. 

Yun - Me desculpe... Aron... me desculpe por pensar nisso... 

Aron coloca as mãos nos ombros de Yun, como se procurasse passar alguma firmeza para a garota. Erguendo o rosto de sua amiga lentamente, o mago continua:

— Desculpas por pensar o que? Aconteceu algo de errado, Yun?

Como um tom estranho de azul nos olhos, o Lightsworn fita os olhos vermelhos de Yun profundamente, como se tentasse descobrir algo.

Ela suspira, sem querer falar de fato o que havia pensado. Sabia que poderia fazer seu amigo ficar triste, e vê-lo com aquela expressão logo depois de parecer tão feliz não seria agradável. Não seria justo com ele. 

Yun - Não... eu só pensei em algo mas... me desculpe, não é bom pensar nessas coisas, não faria você feliz se soubesse... por isso, por favor, me deixe manter em segredo? Eu... não quero vê-lo triste por minha causa... logo depois de ver seu sorriso... 

Aron sorri, bagunçando o cabelo de Yun carinhosamente.

— Não tem problema, se você acha que não deve contar, não conte, é só que fiquei meio assustado. Ah, e sobre meu sorriso, não se preocupe com isso. Enquanto eu estiver com alguém maravilhosa como você por perto, o difícil será não me ver contente.

O garoto sorri, ao mesmo tempo em que pousa sua mão na cabeça de Yun, acariciando-a de forma carinhosa.

Com aquela frase do rapaz, Yun abre um sorriso de leve, aliviada que tudo tivesse acabado bem. Agora sim ela se sentia melhor, mais feliz. 
A menina levou sua mão até o rosto de Aron, acariciando sua bochecha, para então virar-se para observar a janela do quarto. Ao ver o céu, lembrou-se do que havia combinado com Mio, e mal podia esperar para passar o tal jogo que todos estavam falando. Yun não entendia exatamente o por quê, mas queria que o tempo passasse mais rápido. Apesar de quê, ela não reclamaria de estar junto de Aron nesse momento. 


Yun - Ainda não entendo direito... como é ter alguém que se importa tanto com você a esse ponto... acredito que a única pessoa que me falou essas coisas foi a minha mãe. Isso me deixa muito... muito feliz!

O garoto coloca um sorriso no rosto, vendo que Yun parecia estar mais contente agora.

— Você é uma boa garota, Yun. Uma garota boa demais para esse mundo. A prova disso é o fato de apenas uma pessoa ter te dito algo assim até hoje. Uma garota assim, incrível como você, deveria ter ouvido isso várias vezes.

Caminhando até a janela, o Lightsworn começa a fitar o céu.

— Você tem várias qualidades. Esse ar de inocência misturado com mistério, a preocupação e amabilidade para com os amigos. Além de tudo, você é extremamente adorável em todos os outros aspectos. As vezes eu queria ser assim também, sem defeitos.

Se afastando da janela, o Lightsworn pega a camisa na cama e começa a vestir a mesma.

— Bom, já está ficando tarde, tenho que conseguir as bebidas para o jogo da senhorita Mio.

Como um estalo, Aron se lembra da outra garota, se lembra que Yun estava com ela poucos minutos atrás.

— Falando na senhorita Mio, ela está bem? Ela parecia um pouco abalada antes de eu sair do quarto, ela tinha pedido para ficar só um pouco, mas você entrou tão rápido lá que nem tive a chance de te falar isso.