A Mão que Afaga é a Mão que Fere

A história a ser contada abaixo aconteceu no ano de 1204 D.Q

As pessoas podem ser cruéis...
Elas podem transformar pessoas doces e inocentes em verdadeiros monstros...
As pessoas podem mostrar o seu pior em meio à sanidade e ao desespero...

Ylliria é um país de muitas cidades, porem pequenas. Mas este país possui uma das maiores cidade do ocidente: Marsivel.
Nessa cidade, morava uma garotinha... uma garotinha sem nome, sem casa, sem lar... era só mais uma de muitas garotinhas com o destino transformado num borrão, uma garotinha que vivia eternamente só, no relento das ruas sujas e pecaminosas da ala pobre de Marsivel.
Ela era uma garota que não tinha para onde ir, uma menina sem rosto... e meninas sem rosto eram alvos fáceis...
Era quase que uma rotina, ser batida por homens que se recusavam a lhe dar esmola, ser molestada por pervertidos que rondavam as ruas, ignorada por todas as pessoas que fingiam que ela não existia.

Certo dia, a garota fugiu, não agüentando mais a dor e o sofrimento das ruas, não agüentando a tortura que ela sentia, a garota sem nome fugiu paras as florestas que cobriam Ylliria, ela imaginou que lá ela podia encontrar um refúgio, um abrigo para viver...
Foi então, num dia em que ela estava vagando na floresta, que ela encontrou uma pessoa estranha. Ela não sabia de qual raça era, pois sua aparência não se assemelhava a nenhuma das quatro raças.
O homem misterioso se aproximou da garota e perguntou o que aconteceu com ela, ela disse:

-homens maus... eles... eles me machucam... –disse, derrubando lágrimas-

O homem enxugou seu rosto, ajoelhou e disse:

-e se eu lhe desse um presente?

-um presente? –indagou a garota-

Subitamente, a garota sentia uma sensação estranha, sua pele formigava, suas pernas tremiam, e quando ela notou, já não era mais humana, ela tinha assumida uma forma bestial, semelhante a uma loba.

-este é o presente... você poderá fazer o que quiser nessa forma, você está livre –disse- mas tenha cuidado, pois certas coisas podem ficar fora de controle quando usadas demais, e esse presente é uma delas...

A garota assentia com a cabeça, ela estava sorrindo. Ela se sentia mais forte, mas corajosa e mais poderosa, como se realmente pudesse fazer tudo...

E fez. E retornou a Marsivel, e foi atrás de todas as pessoas que tinha ferido-a, todos os homens que a abusou, as pessoas que a ignorou, todas. E nessa noite, as ruas de Marsivel ficaram vermelhas... num violento carmesin.
Quanto mais matava, mais a garota ficava forte, e mais bestial ela ficava, até o ponto que, ao ver-se numa poça d’água, ela viu que já não parecia mais uma humana, já tinha se transformado...

Apesar de ter matado muitos, ela foi morta, foi tida como uma monstra, foi morta pelos homens que tentavam parar a fúria daquela besta. E por fim, seu corpo foi abandonado na floresta.
Lá, o homem encontrou-a, morta, ela estava cheia de sangue, mas seu rosto de lobo contia um sorriso, um sorriso de paz.

E essa foi a primeira loba de Ylliria, foi a primeira, de muitas pessoas desesperadas que foram transformadas, e que perderam o controle, e que aos poucos, se reproduziram e se multiplicaram, criando uma praga que assombra Ylliria até hoje