Estradas do Teixo

Toshimi sentia as 'ondas de sentimento' perturbadas e embaralhadas que emanavam de Yun. Era quase o mesmo que ela mesma sentira por anos, enquanto se escondia ... e tentava se esquecer.
Ao mesmo tempo, sentia as ondas do tal rapaz que estava junto a Lobinha.
E não gostou nem um pouco delas.

Toshimi: Ei. Você, ai. Ajudou a Lobinha? Qual teu nome?

— Se você quer se apresentar a alguém, pelo menos faça isso direito, diga seu nome primeiro... Mas tudo bem, você estava com Yun, não deve ser má pessoa.
Abrindo um sorriso e estendendo sua mão, Aron fala.
— Meu nome é Aron, e o seu?

Toshimi encara Aron.

Toshimi: Eu sou Toshimi. - ela responde, sem apertar a mão levantada de Aron. - parece que você cuidou bem da Lobinha. Agradeço por isso.

Aron recolhe sua mão, enquanto observava Toshimi um pouco.
— Bom, de qualquer jeito, é melhor assim. Estou feliz que Yun tenha feito novos amigos...

Toshimi: Amigos, sim. - ela diz, num tom evasivo - e o que aconteceu com ela ...?

A posição arrogante que aquela mulher tomava desagradava um pouco ao jovem mago, que passou a não confiar tanto naquela estranha.
— Bom, está perguntando para a pessoa errada. Eu não sei se Yun gostaria que eu dissesse o que aconteceu.

Yun parecia estar aleatória na conversa, mesmo que fosse sobre ela. Sua mente não saía do soldado que assassinara sem piedade, do gosto do sangue, do cheiro, do homem encapuzado, dos seus parentes...

[inutei mesmo, e aí?]

Toshimi: Hm. - Ela assente, sem se preocupar muito com Aron - talvez seja melhor nos abrigarmos agora.

Yun - Sim... eu preciso sair daqui...

Diz ela, começando a caminhar enquanto suspirava tristemente. Não sabia o que faria daqui pra frente, com lembranças tão ruins assim. Mas a hora da decisão chegaria, por agora, Yun deveria descansar. E era exatamente isso que ela queria fazer.

Toshimi: Deve haver algum rio próximo em que possam se limpar. - ela diz, soltando aros de fumaça - depois disso, podemos nos instalar em qualquer hospedaria.

Aron fala, somente para Yun ouvir.
— Lembre-se de que, se precisar de algo, alguma ajuda, pode me pedir, Yun. Sou seu amigo e irei fazer o que for preciso para melhorar sua situação.

Yun - Obrigada - ela lança um olhar a Toshimi - certo.

Sem conseguir usar suas habilidades de olfato para encontrar o rio, a garota simplesmente segue seu instinto, esperando os outros.

Aron acompanha Yun de perto. Mesmo confiando em sua amiga, ele tinha medo que seus instintos voltassem a tona e acabassem fazendo a garota agir de modo que se arrependesse mais tarde.

Eles acabaram por encontrar um pequeno lago (no meio da estrada, comofas?) e assim que o viu, Yun entrou, mesmo odiando a água. Ela precisava se limpar, aquele sangue todo já havia começado a secar em seu corpo, criando uma crosta terrível. As roupas seriam perdidas, com certeza, mas pelo menos sua pele poderia deixar limpa.

Yun não se demorou muito ali, e quando saiu, estava além de encharcada (ahva), mais "limpa" do que antes. Suas roupas haviam manchado de vermelho e não estavam nada boas, mas nesse estado, seria capaz de encontrar uma hospedaria sem problemas.

Yun - Vamos...? Me desculpe a demora...

Yun - Conheço essas bandas... a Cidade de Ambelis fica mais ao norte, mas era lá que eu morava com a minha mãe-

A menina para de falar, lembrando-se da sua mãe e seus ensinamentos. Ela estaria desapontada se ainda estivesse viva, e isso era a última coisa que Yun queria ver. Mais uma vez a garota sentiu a facada no seu coração, fazendo uma expressão triste, mas virando-se para começar a caminhar.

Yun - Talvez seja melhor irmos para Marsivel mesmo... é até mais perto... "e eu não irei sujar a cidade com essa monstruosidade que me tornei..."

Aron coloca a mão no ombro de Yun.
— Tudo bem, o que você preferir.
Juntos, o grupo começava a caminhar na direção de Marsivel.

Yun começou a caminhar mais a frente do grupo, tentando não mostrar que havia começado a chorar novamente. Aquilo era demais para ela e logo sucumbiria, precisava de um canto para si própria, um lugar para pensar, esfriar a cabeça.
A ideia que mais aparecia em sua mente era a de deixar o grupo, e mesmo que ela se sentisse mal com isso, talvez fosse o certo a fazer.

Não demorou tanto para que eles pudessem ver as construções da cidade aparecendo no horizonte. Logo chegariam na capital.