Vila de Prakol

Depois de (muito tempo) alguns poucos dias de viagem, o grande navio volante do grupo estava pousando no porto de Prakol. Havia sido uma viagem rápida, apesar da distância entre as cidades, porém um volante é um navio bastante ágil. E com uma ótima piloto como Jeanne, não era pra menos.
A noite já havia caído na vila portus de Prakol, mas não diminuia nem um pouco a beleza rústica daquela pequena vila. Era estranho que um homem como Matthias Blackhorn tivesse escolhido morar lá.

O grupo havia recebido instruções dos guardas, ficariam em um hotel com as estadias já pagas por Theodore. Era um dos melhores hoteis da vila, ficava um tanto distante do Porto, mas uma pequena caminhada não iria cansá-los. Pela manhã, assim que o sol banhasse a terra de dourado, iriam para a casa de Matthias iniciar o interrogatório.

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Yun mal podia esperar para sair do navio. Estava tão cansada e enjoada de estar voando por dias seguidos, que quando ouviu o clack de liberação do porto, juntou suas bagagens, já prontas desde o momento em que entrara no navio, e correu para fora o mais rápido possível. Jogou-se no chão, abraçando o piso o mais forte que podia.


Yun - Eu nunca pensei que fosse te ver outra vez, chão! Obrigada! Ai céus, como é bom estar no chão!

Disse enquanto atraia a atenção de algumas pessoas no porto.

Algumas pessoas que passavam, deram risadas discretas ao ver a reação de Yun ao voltar para o chão. Outras, simplesmente passaram sem se dar o trabalho de olhar uma segunda vez.

Um deles, no entanto, se aproximou da menina. Parecia ser um velho marinheiro, com uma prótese na perna esquerda, e outra no braço esquerdo.

Marinheiro: Navegantes de primeira viagem, eh? - ele diz, olhando para Yun, dividido entre rir e passar um sermão nela - Já vi várias coisas de marinheiros de primeira viagem, mas isso ... nunca tinha visto antes.

Yun levanta-se com um sorriso largo no rosto, nunca estivera tão feliz em estar em "terra firme" novamente. Ao ouvir o senhor falar, no entanto, a menina lançou um olhar para ele.

Yun - Eu não pertenço aos céus, senhor. Eu morei na floresta, sabe? Voar é complicado pra mim, mas os meus amigos gostam. Eles ficaram felizes de ganhar esse navio gigante que eu não sei o nome... - comentou a garota, balançando o rabo por de baixo da capa que usava para escondê-lo. Suas orelhas, no entanto, estavam à mostra, já que poderia simplesmente dizer que eram falsas. Muitas pessoas utilizavam acessórios com esse formato, então não era algo que chamasse muito a atenção.

Yun lançou um olhar animado para o senhor. Pássaros, quando estava na floresta, significavam comida. Quando havia revoada por lá, era como um banquete para ela e sua família.

Yun - É sério? Não sabia disso! Eles são gostosos? Devem ser deliciosos não é? - Yun pigarreou - Ah, então... nós já temos estadia paga, viemos patrocinados, mas não posso dizer o que temos que fazer aqui. É segredo. Apesar de você ser um senhor bem legal, vou desejar que você seja feliz no próximo poço dos desejos.

Senhor: Se eles são gostosos? Hahaha, eu acho que não, muitos dizem que a carne deles é dura e sem gosto. De qualquer forma, aproveitem bem a estadia em Prakol. E se precisarem de qualquer coisa, o velho Mink está a disposição.

Yun faz uma cara desapontada depois de saber que o gosto dos pássaros não era aquilo que imaginava.


Yun - Ahh, é uma pena. Na floresta, os pássaros eram deliciosos! Um dia trago um pro senhor provar, o que acha? - a garota deu um sorriso - Ah, meu nome é Yun, senhor Mink!

Fora uma caminhada mais rápida do que o esperado, Ed deu suspiro de alívio por ter acontecido nada que atrapalhasse a pequena jornada. Olhou em volta, Prakol parecia mais animada, como se os residentes locais estivessem na expectativa de algo, o Recrutador refletiu se esse clima havia escapado seus olhos da última vez que estivera aqui.

Ed: Muito bem - Disse finalmente, secando o suor da cabeça calva com um pano. - Creio que meu intermediário só deva chegar dentro de 2 ou 3 dias, porém aqui estamos mais seguros contra a Helia - Falou o nome em tom baixo, como se fosse uma maldição - O mais certo é buscarmos uma estalagem barata, para passar o resto dos dias, e também poderiam usar um banho. Bem...  *sniff snif* acho que eu também. - Deu uma pequena risada para quebrar a tensão. - Se estiverem prontos, vamos buscar umas boas camas.

Mink: Hohoho, belo nome, para uma bela e forte jovem. Eu e minha patroa iriamos adorar comer um dos passaros da sua floresta, um dia desses. Se cuide bem, para poder voltar. Hohohoho.


Em outro lado da cidade, o trio de magos mais Edward acabara de chegar a cidade./sim
Eles haviam percorrido uma boa distância em pouco tempo, portanto, estavam cansados e bastante sujos.

Dornel: Seria ótimo poder dormir em uma cama de verdade - ele diz, enquanto os outros dois concordavam com a cabeça - dormimos no chão duro por dias, e ele não estava dos mais confortaveis ... ou cheirosos. - o clima entre eles se tornava cada vez mais amigável conforme a confiança dos magos em Edward aumentava. - acho que as estalagens aqui não devem ser caras, afinal, esta cidade não tem nada de tão grande ....

Após andar um pouco, o grupo chega a uma estalagem de aparência bem modesta.
Mas, para sua surpresa, ela estava cheia de viajantes com suas mochilas, marinheiros, e pessoas que aparentemente só estavam de passagem pela cidade.

O estalajadeiro, que estava proximo da porta, tentando por ordem na situação, os deu as boas vindas, com uma voz um tanto que cansada

Estalajadeiro: Bem vindos ao Entardecer, vieram para ver a Revoada Vermelha?

Por um momento Ed não havia entendido o que o estalajadeiro havia dito, mas então se lembrou que na sua viagem de ida alguns moradores estavam ansiosos por um algum evento da natureza, eram pássaros? Não tinha certeza. 

Ed: Sim senhor, estávamos de passagem, mas um bom evento da natureza iria nos ajudar a relaxar. - Edward estava realmente chocado com o movimento da estalagem numa hora dessas, não era à toa que o dono estava com o rosto acabado de exaustão. Mas talvez as moedas estejam o animando. - Gostaríamos de um quarto, por gentileza. E se pudermos usar o chuveiro que tiver, seria um Salvador de vidas. - Disse rindo e acenando a cabeça levemente aos magos.

Estalajadeiro: Vocês tiveram bastante sorte - ele diz, com um sorriso - Este é o ultimo quarto que tenho, como ele é pequeno, cobro 10 talentos. Vou levá-los até lá.

O homem guia o grupo até o quarto mencionado, que era de um tamanho razoavel para um grupo de quatro pessoas.

Estalajadeiro - Por enquanto, temos só duas camas, mas posso trazer alguns colchões extras para acomodar todos. O chuveiro e o banheiro são coletivos, mas não precisam se preocupar, temos uma separação para os senhores e a senhora do grupo.
Temos café quente todas as manhãs, até as 10. Acordem cedo para pegar os melhores pedaços!
Agora, vou providenciar os colchões e deixá-los a vontade.

O estalajadeiro sai do quarto, acenando levemente com a cabeça. Dornel deixa sua mochila de viagem em um canto.

Dornel: UFA! Poderemos descansar agora.

[Edward - 10 talentos]

O céu estava num tom alaranjado, o sol começava a anunciar o início do dia e alguns pássaros já começam sua pequena orquestra. Ed acordou com um arrepio nas costas e se levantou rapidamente como era de costume, vestiu suas roupas e seguiu para o banheiro pra lavar o rosto. Foi então que lembrou, que não tinha para fazer o resto do dia. 

Seguiu calmamente para as ruas calmas se Prakol e pensou o que poderia fazer, sua missão não poderia prosseguir até o dia seguinte, e com azar ainda o próximo. 

Enquanto caminhava, percebeu que a cidade havia o que se parecia com algum tipo de ferreiro, curioso e com uma pequena idéia na cabeça, bateu três vezes na porta do estabelecimento esperando não ter vindo cedo demais.

De dentro do armazém que possuía uma placa enorme com os dizeres "Point do Aventureiro - Tudo O Que Você Precisa Para uma Aventura" escritos, dava para se ouvir um resmungar leve em resposta as batidas na porta. Pareciam duas pessoas que haviam acordado a pouco tempo discutindo algo. Uma voz mais aguda dizia, em um tom animado:

??: Vamos lá, vá ver o que é! Provavelmente é um cliente que chegou na cidade pra ver a revoada vermelha!

A resposta para essa primeira voz veio de outra, um pouco mais profunda e perceptivelmente sonolenta.

????: Sério, esses viajantes não tem consideração nenhuma. Mas, bem, negócios são negócios, eu vou ver quem é.

A porta que estava na frente de Ed se abre vagarosamente, e um homem alto, moreno e de cabelos curtos, negros e espetados se revela. Ao ver o humano calvo que tinha batido na porta, a feição do funcionário do armazém muda completamente, sendo substituída por uma feição mais animada. Seu tom de voz também muda.

????: Ora ora, o que temos aqui, se não é um cliente! O que lhe traz aqui tão cedo, amigo?

De dentro do armazém, é possível ver que a outra figura sai correndo da cômodo principal, entrando em uma das portas que ficavam ao lado.

Ed ficou aliviado com a animação com o que para ele se parecia o dono do local. 

Ed: Bom dia, senhor. Eu vi aqui que... - O rapaz olhou para cima, em direção a placa do lugar. - voce deve ter diversos tipos de suprimentos para jornadas de viajantes. Como pode ver eu não sou daqui. - Disse olhado para o rapaz. - Costumo acordar cedo porque... Não importa o motivo. - Pigarreou. - Gostaria de saber se vocês possuem alguns estudos, de madeira ou de ferro. 

Veio a mente de Ed, que uma boa proteção ia se fazer necessária, não era alguém que seria a vontade com armaduras, mas um escudo iria providenciar o que queria e não interferiria com seu estilo de luta.

????: Escudos? Mas é claro que temos! Vamos entrando, aí nós procuramos algo que você possa querer.

O homem abre a porta e vai se afastando, para dar passagem ao aventureiro calvo.  Conforme ele se afasta, dá pra se ter uma ideia de como o armazém era. Havia um grande balcão, com armas, bolsas e armaduras. Também haviam algumas armas e armaduras que pareciam ser mais valiosas e poderosas dentro de vitrines. Canhoneiras de todos os tipos ficavam presas em um lado da parede.

????: Então, vai querer um escudo de qual tipo? Temos de diversos materiais.

O homem caminha em direção a uma área do armazém que possuía vários escudos, alguns feitos com ligas metálicas, outros com couro e madeira, alguns só de madeira. Dentre os escudos, haviam aqueles com decorações e também tipos mais rústicos.

????: Aliás, qual o seu nome? Sinto que seria mais fácil nos comunicarmos sabendo como nos referirmos um ao outro, não? Meu nome é Lako!

Por dentro aquele armazém era realmente impressionante, havia surpreendentemente uma coleção interessante de equipamentos, na Qari havia algo similar, talvez maior, mas encontrar algo assim em uma simples vila era algo novo. 

Ed: Ah, Edward, Ed se achar mais fácil. - Respondeu sendo puxado do pequeno devaneio. - Estava interessado em um escudo se tamanho médio. Eu uso uma Pistola Cantoneira. -  Disse puxando sua arma para mostra-la. -

Código:

[color=#3333ff] Como pode ver, não tenho tamanho para ser ágil. Hahaha. Então, tenho que encarar uma briga de frente. [/color]


Apesar de sua força muscular, Ed sabia que continuar viajando sem uma proteção extra para combate corpo-a-corpo iria trazer sua morte antes do desejado.

Lako leva a mão até o queixo, pensando no pedido de Ed e procurando algo entre os escudos.

Lako: Entendo, um escudo médio e bem resistente, certo, Ed? Vejamos o que posso fazer por você.

O homem grita para um dos lados do armazém, em um tom imperativo:

Lako: YU! VOCÊ OUVIU O CLIENTE, NÉ? UM ESCUDO MÉDIO E BEM RESISTENTE, CHEGOU ALGO DESSE TIPO NO ÚLTIMO CARREGAMENTO?

De dentro de uma porta sai um jovem desajeitado carregando dois escudos, um retangular e um circular. Ed consegue reconhecer a voz dele como sendo a voz mais aguda que tinha ouvido mais cedo.

Yu: Sim, temos dois escudos novos, que chegaram ontem para serem ofertados durante a revoada vermelha. Senhor Ed, dê uma olhada nos dois. Algum deles lhe interessa?

Yu gira os dois escudos, de modo a mostrar a frente dos mesmos para Ed. Ambos possuíam uma grande ilustração com uma ave vermelha, e os dois possuíam uma estrutura de metal que era preenchida por madeira, sendo que suas extremidades eram cobertas com couro.

Lako: Oh, são edições especiais pra esse evento. Embora eles tenham um certo aspecto decorativo, posso afirmar que são bem resistentes, prontos para serem usados em situação de combate.

Os dois escudos pareciam interessantes para Ed, resolveu se aproximar um pouco e dar uma batida para verificar a textura dos escudos.

Ed: Ambos parecem muito bons, além de serem bonitos. Estou interessado no retangular, permite usar a pistola de maneira segura a longas distâncias além da proteção a inimigos próximos. Quanto eles custam?

Lako dá um largo sorriso ao conseguir a venda, dizendo:

Lako: Bem, o escudo sai por 30 talentos. Mas se precisar comprar mais algo, podemos acertar por um preço mais baixo, um desconto. Se quiser dar uma olhada melhor verá que também temos canhoneiras, espadas, arcos, lanças e muitas outras coisas.

Enquanto Lako tentava vender mais coisas para Ed, Yu carregava o escudo circular de volta para a sala de onde ele tinha vindo.

Lako: Então, vai ser só o escudo mesmo ou está interessado em mais algo?

Diferente dos calafrios que acompanham suas missões, o que sentiu agora foi um de desespero pelo sua carteira. 30 Talentos? pensou assustado.

Ed: ...Muito bem. - Falou finalmente depois de se recompor, afrouxando a gravata. -
Se colocar uma adaga junto, qual o valor do desconto? Ou uma espada curta?

Lako: Bom, depende muito da adaga ou espada curta que você escolher, mas normalmente nós damos um pequeno desconto nos dois itens escolhidos de acordo com o preço base deles.

Yu volta da sala onde tinha guardado o escudo, ficando ao lado de Lako.

Lako: Só escolha algo, tenho certeza que podemos chegar a um acordo.

Yu concorda com a cabeça, complementando:

Yu: Afinal, a graça do comércio está na negociação.

O homem refletiu um pouco que tipo de arma lhe seria melhor, adagas eram extremamente situacionais para ele.


Ed: Uma espada curta, mais simples que tiverem, feito de aço.

Lako caminha em direção a um balde, onde estavam armas de corte mais simples. Colocando a mão dentro do balde, ele puxa uma arma de lâmina bem curta, com uma círculo gravado em seu cabo de madeira. A lâmina estava por baixo de uma bainha de couro rígido, que sinceramente não parecia ser algo simples.

Yu: Qual é, Lako. Guarda isso, o senhor Ed é um bom cliente.

Lako: Eu não ofereceria isso pra qualquer um, mas o Ed aqui parece ser um aventureiro, eu não me importaria em vender algo desse tipo pra ele.

Lako desembainha a lâmina, que agora, ao se olhar com atenção, estava mais para um punhal do que para uma adaga. Na lâmina, havia uma gravura do Sol de Quatro Pontas, símbolo da Helia Signa. Observando com atenção, no cabo da lâmina também havia o mesmo símbolo, só que as pontas do sol já pareciam mais desgastadas.

Lako: Veja bem Ed, tem uma história interessante sobre essa arma. Me disseram que ela pertenceu a um judiciário da HS. Disseram também que esse judiciário teve um fim terrível e que essa lâmina foi a responsável, mas não sei bem se acredito muito nessa história. Bom, vou deixar você decidir se quer levar ela ou algo mais comum, mas como pode ver, a lâmina, o cabo e a bainha são de boa qualidade. Eu vendo ela pra você junto com o escudo por apenas 31 talentos. O que me diz?

Yu apenas balança a cabeça dele em reprovação. Aquela era uma cena que se repetia quase sempre que o evento da revoada acontecia em Prakol.

Yun sorri para o velho Mink e assente, animada com a gentileza do senhor. Após, o grupo, cansado da viagem, foi levado por um guia até o hotel onde passariam a noite. Tiveram uma grande janta, refrescaram-se com um banho e foram para cama. 
Pela manhã, Yun acordou num pulo depois de um pesadelo, outra vez seus familiares da floresta esquartejados em sua visão. A menina respirou fundo, acalmou seu coração e decidiu dar uma volta pela cidade. Era o melhor que poderia fazer para espairecer. 

Yun - Esse sol está bonito, Prakol é até uma cidade bela. Mas ainda prefiro Ambelis... - comentou consigo mesma. 

Como seus amigos ainda estavam dormindo, Yun decidiu dar uma volta pela cidade. Quem sabe tomar um bom café da manhã ou conhecer alguma outra pessoa gentil. A menina segurou o colar que agora possuía o boneco de pano de sua mãe como pingente. 
Yun caminhava pelas estradas de Prakol, apenas pensando em sua mãe e naquele diário que havia encontrado na casa de Daron. Quais mistérios aquelas páginas guardavam? Yun queria saber, queria do fundo de sua alma, saber o que significava aquele diário e a conexão entre Daron e sua mãe.